vá para a página principal do Passeio Público
:: PASSEIO PÚBLICO ::

Século XXI

Matéria publicada Mais Passeio - Ano 2- Nº 18 - setembro de 2003
VOLTAR PARA PÁGINA PRINCIPAL DO SÉCULO XXI
A Saga da Estátua Perdida
Historiador conta como encontrou a estátua do Inverno,
integrante do acervo do Passeio Público, em Santa Teresa
Um dos destaques artísticos do Passeio Público é um grupo de estátuas de ferro e estanho trazido de Paris representando as estações do ano. As esculturas foram desenhadas por Mathurin Moreau e fundidas em 1860 no Val D'Osne. Instaladas em 1904, as "Quatro Estações" do Passeio estavam desfalcadas, pois a estátua que representa o Inverno encontrava-se desaparecida. Durante muitas décadas, ninguém soube o paradeiro do Inverno. Não existia sequer uma imagem da estátua que pudesse ajudar em sua identificação.
O grupo foi novamente reunido graças à perspicácia do advogado e historiador Laherte Guerra, membro do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Durante uma viagem à Assunção, no Paraguai, Laherte e o advogado Francisco Ramalho encontraram, na Praça da Constituição, um conjunto de estátuas alegóricas das estações do ano idêntico ao que adorna o Passeio Público do Rio. Laherte fotografou a estátua do Inverno "paraguaia" com o objetivo de fornecer subsídios à Fundação Parques e Jardins e auxiliar na busca da estátua perdida.
Na volta ao Brasil, Laherte mal poderia acreditar que seria ele quem encontraria o Inverno. Em março de 2000, em uma tarde de Sábado, ele passeava pelo bairro de Santa Teresa. Ao visitar o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, seu olhar se deparou com uma estátua num canto do jardim. Apesar de estar danificada e descaracterizada, Laherte não teve dúvidas: havia encontrado o "Inverno" do Passeio Público.
A estátua do Inverno "paraguaia",
localizada na Praça da Constituição,
em Assunção
Foto: Laherte Guerra
 
A Estátua do Inverno do Passeio
foi encontrada por Laherte Guerra
nos jardins do Centro Cultural
Laurinda Santos Lobo.
Foto: Pedro Oswaldo Cruz.
O historiador examinou a escultura e reconheceu a marca de fundição: Barbezat et Cie / Val d'Osne. Surpreso e radiante pela descoberta, entrou em contato com o colega Ramalho, que por sua vez, deu a notícia à Fundação Parques e Jardins. Àquela época, a Fundação estava produzindo um inventário da coleção carioca de quase 200 obras de arte fundidas em ferro, e a estátua do Inverno do Passeio foi catalogada à tempo no livro "Fontes d'Art do Rio de Janeiro".
Em setembro de 2000, a estátua do Inverno, que pesa 500 quilos, foi levada de volta ao Passeio, completando o grupo das Quatro Estações, considerado uma da obras primas de Moreau. A escultura foi instalada sobre um pedestal que servia de base à "Diana de Gabies", localizada na Praça Seca.
O historiador Laherte lembra que a direção do Centro Cultural Laurinda Santos Lobo foi procurada por um grupo de senhoras desconsoladas, que pediam que não
levassem embora a "santinha". O pedido devia-se ao fato de, regularmente, uma irmandade de devoção mariana entoar novenas e ladainhas em torno da estátua, chamada por elas de Nossa Senhora de Ferro. "Na sua ingenuidade, as pias
senhoras reinstauravam uma sorte de paganismo ou sincretismo greco-romano em
pleno Rio de Janeiro", diverte-se Laherte.
Na época da descoberta do paradeiro do Inverno, a imprensa carioca creditou erroneamente o autor da façanha ao advogado Francisco Ramalho e não ao historiador Laherte Guerra, equívoco que a Mais Passeio vem agora corrigir.
Os Atributos do Inverno
A estátua do Inverno do Passeio Público é representada por uma jovem totalmente vestida, com a cabeça semicoberta, que estende a mão destra sobre o que, na escultura original, seria um trípode em chamas. O historiador Laherte acredita que se trata de uma representação de uma virgem vestal, uma das sacerdotisas de Vesta, velando pela manutenção do fogo sagrado que queimava, perpetuamente, no santuário da deusa em Roma. Para Laherte, "os pés nus entrevistos podem realçar simbolicamente a idéia de pureza ritual, mas também fazem lembrar das mães de família que, para festejar a Vestália a cada mês de junho, podiam entrar no templo nessa única ocasião, e descalças, para fazer oferendas".
O Inverno está representado
pela figura da deusa romana
Vesta, protetora dos lares e templos
e associada ao fogo sagrado
  Foto: Pedro Oswaldo Cruz
base
 
Página Principal | Construção | Acervo Artístico | Pavilhões | Século XIX | Século XX | Século XXI
Informações e Curiosidades | Descrições | Bibliografia | Na Mídia | Créditos | Fale com o Passeio  
 
Copyright © 2002.
Todos os direitos reservados.
SIMETRIA desenvolve este site